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Cada um dos filmes inspirados no espetáculo Ópera dos Vivos contou com uma equipe de criação diferente, a partir da direção geral de Sérgio de Carvalho.
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ATO I
SOCIEDADE MORTUÁRIA
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Foi filmado no assentamento Todos os Santos, em Canindé, Ceará, com o apoio e participação da comunidade do local, da Escola de Teatro da Terra e do INCRA Ceará. O filme tem direção de Sérgio de Carvalho e co-direção de Marco Dutra, João Marcos de Almeida e Sérgio Silva, edição de João Marcos de Almeida e Gabriel Vieira De Mello. Como a peça, o filme se inspira na história das Ligas Camponesas surgidas no interior pernambucano em fins dos anos 1950 a partir das chamadas “sociedades mortuárias”, associações de camponeses que se cotizavam para comprar caixões e realizar enterros dignos. A versão da Companhia do Latão desenvolve o assunto no contexto mundial da Guerra Fria e aproxima, com a liberdade da parábola histórica, o trabalho das Ligas Camponesas das jornadas de alfabetização de Paulo Freire. O simbolismo da luta de classes no campo surge aqui, também, como reflexão sobre a beleza e dificuldade de politização da arte.
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ATO II
TEMPO MORTO
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É o mesmo filme apresentado durante o espetáculo, feito em diversas locações de São Paulo, com direção de Sérgio de Carvalho e co-direção e montagem de Luiz Cruz. É um filme que dialoga com a forma alegórica de Terra em Transe, de Glauber Rocha, ainda que seu protagonista seja o inverso do modelo. Paulo Funes é um banqueiro, representante da chamada burguesia progressista de um país imaginário, Cabedal, que vive um intervalo antiburguês apenas do ponto de vista cultural. Por razões sentimentais, ele se aproxima da arte anticapitalista num momento de acirramento da luta social. Torna-se um mecenas da cultura de esquerda, ao mesmo tempo em que financia parcerias internacionais para a fundação de uma televisão. A ligeira crise afetiva e pessoal serve para acentuar o compromisso com sua própria classe. Torna-se, assim, um militante do processo de modernização conservadora que se materializa no golpe de estado.
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ATO III
PRIVILÉGIO DOS MORTOS
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É uma gravação de um show, que mistura cenas do teatro com locações. Teve direção de Sérgio de Carvalho e co-direção e montagem de Diogo Noventa. Na forma de um show narrativo, Privilégio dos Mortos é uma reunião de músicos que prestam homenagem a Miranda, uma cantora de protesto que volta aos palcos depois de três anos de coma, quando muitos de seus amigos já se dedicam à música pop. Este estudo contrapõe visões diferentes das possibilidades de ação do artista inserido no aparelho cultural. Alguns diálogos se inspiram no momento pós 1968, em que a canção tornou-se o principal veículo do debate estético no país, quando de sua expansa o industrial. O caráter supostamente emancipador da mercadoria e discutido ironicamente, ao mesmo tempo em que a ideologia e mostrada em seus vínculos com a realidade da cultura de massas construída pela televisão e pelas novas relações de trabalho.
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ATO IV
MORRER DE PÉ
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O último filme do conjunto foi todo feito em locações, tem direção de Sérgio de Carvalho, co-direção de Juliana Rojas, Sérgio Silva e João Marcos de Almeida, com montagem de Natália Belasalma e Sérgio de Carvalho. É a história de um ator que, durante uma minissérie melodramática de televisão sobre a ditadura, se recusa a representar uma cena de morte por razões ideológicas. Na forma de um drama irônico, que se desenvolve entre o estúdio e a cozinha, seu tema geral é a sátira ao trabalho alienado numa emissora de televisão. O imaginário midiático atual se confunde ao estrago social que atinge os próprios produtores culturais. A descrição de caso procura servir a uma reflexão mais geral: Morrer de Pé é um estudo teatral sobre formas contemporâneas de reanimação do trabalho morto.
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